Na fase inicial do desenvolvimento das técnicas de auditoria, surgiram muitas dúvidas, principalmente relacionadas com a amplitude dos testes. A principal delas era a seguinte: O auditor para dar sua opinião sobre um determinado fato teria que examinar todos os lançamentos contábeis/operações referentes àquilo que está sendo examinado?
Caso examinasse todos os lançamentos contábeis/operações, além do alto custo do serviço de auditoria, a opinião do auditor não teria utilidade, devido ao fato de que provavelmente seria emitida com muito atraso.
Em primeiro lugar, o auditor deve se preocupar com erros que, individualmente ou cumulativamente, possam levar a uma interpretação errônea de um fato, por parte de quem os está analisando. Portanto, o valor desses erros teria de ser significativo em relação às operações.
Em segundo lugar, normalmente a empresa já tem um conjunto de procedimentos internos com o objetivo de evitar a ocorrência de erros. Esse conjunto de procedimentos internos é chamado, na prática de sistema de controle interno.
O risco da ocorrência de erros em uma empresa que possuí um bom sistema de controle interno, é muito menor do que uma empresa com um sistema de controle interno ruim. O auditor utiliza o sistema de controle interno da empresa para determinar a amplitude dos testes de auditoria.
Estes testes serão abordados agora, procurando demonstrar a caracterização de cada um deles, bem como a oportunidade de empregá-los nas atividades de auditoria.
De acordo com CREPALDI (2000), inclusive ratificada por instruções do Conselho Federal de Contabilidade, existem globalmente dois tipos de testes em auditoria, a saber:
– Testes de observância (ou testes de procedimentos); e
– Testes substantivos (ou testes comprobatórios de detalhes)
Teste de observância
Os testes de observância são aqueles empregados pelo auditor, a fim de determinar se os procedimentos internos determinados pela emprega estão sendo cumpridos pelos seus colaboradores.
Destinam-se em um primeiro momento a constatar a credibilidade dos procedimentos de controle da empresa, e não necessariamente os registros corretos das operações.
O objetivo do teste de observância é proporcionar razoável segurança de que os procedimentos de controle interno estão sendo executados na forma determinada pela organização. Esta observação é essencial para o auditor, uma vez que é através dos testes de observância que ele pode vir a depositar maior ou menor confiança no sistema de controles internos aplicados.
Os testes de observância são largamente aplicados em auditorias operacionais, onde a preocupação central do auditor é com respeito se os colaboradores da organização respeitam as normas internas pré-estabelecidas.
A aplicação destes testes requer muita atenção e acuidade do auditor, e normalmente são aplicados sem que os envolvidos no processo auditado percebam, pois caso isto fosse notado, certamente fariam o correto, pelo menos na frente do auditor.
Teste substantivos
Este tipo de teste é empregado pelo auditor quando ele deseja obter provas suficientes e convincentes sobre as transações, que lhe proporcionem fundamentação para a sua opinião a cerca de determinados fatos.
Como objetivos fundamentais dos testes substantivos, destacam-se as seguintes constatações:
– Existência real: que as transações comunicadas/registradas realmente tenham ocorrido;
– Integridade: que não existam transações além daquelas registradas/demonstradas;
– Parte interessada: que os interessados naquele registro/comunicação tenham obtido as informações na sua totalidade;
– Avaliação e aferição: que os itens que compõem determinada transação/registro tenham sido avaliados e aferidos corretamente.
– Divulgação: que as transações/registros tenham sido corretamente divulgadas.
Os testes substantivos são imprescindíveis em trabalhos de auditoria uma vez que é através da aplicação correta destes que o auditor obtém evidências sobre os saldos, e ou transações apresentadas pela empresa.
Este tipo de teste é de fundamental importância na complementação dos testes de observância, considerando que são através dos testes substantivos que o auditor tem condições de constatar sobre a fidedignidade das transações e registros contábeis.
Retirado do artigo: (https://portaldeauditoria.com.br/testes-em-auditoria-uma-revisao-conceitual-aplicavel-na-pratica/)
Autor: Cláudio Marcelo Rodrigues Cordeiro, Contador, Auditor e Professor Universitário de Auditoria.
There is no ads to display, Please add some
No Comment